Vanessa Ramos e Sérgio Carvalho

Vanessa Ramos, 53 anos, baiana de nascimento, cearense de coração. Começou a fotografar nos anos 80, na época em que cursava Ciências Sociais na Universidade Federal do Ceará. No entanto, só abraçou fortemente a fotografia nos últimos quatro anos. Participou de exposições coletivas no Sesc Iracema ( O Corpo Alheio) e Travessa da Imagem (Insânias Verdades). Fez parte da Revista Olho De Peixe como fotógrafa nos dois primeiros números e como produtora na publicação sobre a Bienal de Dança do Ceará. Ganhou a primeira Fotomaratona da Travessa da Imagem e o Prêmio Chico Albuquerque/2014 com o “Caminho das Abelhas” com publicação e exposição no Espaço Cultural dos Correios em janeiro de 2016. Produziu e participou da curadoria e edição do livro Barreiro Branco do Fotógrafo Sérgio Carvalho em 2018 e em 2020 produziu a exposição Santo Sertão na Imagem Brasil Galeria do mesmo. Também em 2020, em parceria com Sérgio, foi selecionada com o projeto “um lugar lindo de morrer” para expor na décima primeira edição do Diário Contemporâneo em Belém-Pa.

Sergio Carvalho, piauiense, começou a fotografar em meados da década de 1990. Desde o início desenvolve a fotografia como expressão artística documental. Realizou diversas exposições, com participação em salões de arte e festivais de fotografia no Brasil e no exterior. Publicou no ano de 2010, em coautoria com o fotógrafo Paulo Gutemberg, o livro “Docas do Mucuripe”, e “Retrato Escravo”, em coautoria com o fotógrafo João Roberto Ripper, indicado como um dos melhores livros de 2010 pelo Internacional Photobook Festival 2011 (Kassel, Alemanha) e Menção Honrosa no POY LATAM 2013. Em 2011, publicou o livro “Barbearia do Tempo”. Nos anos seguintes, lançou “Às vezes, criança – Um quase retrato de uma infância roubada”, em coautoria com o poeta maranhense Rubervam Du Nascimento e “Homens-Caranguejo” (publicação coletiva). Em 2016, publicou os livros “Caminho das Abelhas” (edição coletiva) e “Sereias”, em coautoria com a fotógrafa Fernanda Oliveira. Em 2018, publicou o livro “Barreiro Branco”, cujo ensaio foi vencedor no Festival Verbo Ver 2018, em Fortaleza/CE e Menção Honrosa no Festival Paraty em Foco/2019. É membro-fundador e ex-diretor do IFOTO – Instituto da Fotografia, em Fortaleza/CE.
Um lugar lindo de morrer

Em Barra Grande, bela praia do litoral piauiense, o cemitério descansa sobre uma duna à beira mar. Não há calçadas ou muro. Uma cerca bem feita de paus rústicos, encostados uns nos outros, define seus limites, se é que os há para os mortos.
A paisagem é uma tela de cores vivas do céu, do mar e do sol. Flores enfeitam os túmulos. Os corpos são enterrados na areia com a cabeça voltada para o oceano, como se quisessem renascer. No parto, saímos do líquido materno. Os mortos de Barra Grande são deixados no ventre da terra, mas parecem querer almejar as águas do mar.
O cemitério de Barra Grande, com homens, mulheres e crianças sepultos, revela verdades imorredouras. Sem vê-los, ouvi-los ou tocá-los, oferecem seu evangelho desconhecido sobre a vida e a morte.

Texto adaptado da crônica “Evangelho dos mortos do cemitério da praia de Barra Grande”, de Rogério Newton, escritor piauiense.