Sabrina Moura
Pela primeira vez fui ver de perto o Maracatu. Essa tradição cultural que exalta nossa ancestralidade. Como fotógrafa, escolhi registrar sem lentes (transformando a câmera digital em uma pinhole), apenas com um furo na tampa no lugar da objetiva. A estética foi resultado do ritmo das batidas dos tambores ressoando no meu corpo e coração tomado em alegria. Com a câmera longe dos olhos, vivenciei a expressão cultural de fortalecimento de uma identidade regional em rito de decolonialidade. Há uma dialética de sons e de muita vida!
Esse ensaio faz parte de uma coletânea “Vou te encontrar” que retrata de forma poética as minhas fases do luto pelo falecimento da minha mãe. A ausência participativa no ritual fúnebre se pôs como (im)pulso de ressignificação.
Nesse ensaio, simulo o ato de “enterrar” através de múltiplas sobreposições de fotografias. Em cada imagem, existe uma foto da minha mãe (jovem) enterrada por várias fotografias que fiz em uma visita ao cemitério.