Ricardo Arruda

Pós-Doutor em Sociologia (UFC/INCT); Doutor em Sociologia (UFC) / estágio doutoral em Antropologia (Lyon II). Exposições coletivas: “Passion”, Travessa da Imagem, 2015. Festival de Fotografia do Sertão, 2ª. Edição, “Ausência”, Feira de Santana, BA, 2015. “Encontros de Agosto”, “Vertigens”, Dragão do Mar, 2016/2017. Festival de Fotografia de Tiradentes, “Vertigens”, 2017. Festival Verbo Ver, “Ensaios para o fim do mundo”, 2018. Festival Solar, “Matadores”, Dragão do Mar, 2018. 68o. Salão de Abril Sequestrado, “Betwixt and Between”, Fortaleza-Ceará, 2017. Cursos/Workshops: Workshop, Guy Veloso, “Do poético ao prático – Fotografia Documental”, Travessa da Imagem, 2015. Workshop, Walter Firmo, Nazaré da Mata, Maracatu Rural, 2015. Curso “Fotografia Contemporânea: criação e estudos avançados”, com Eder Chiodetto, Porto Iracema das Artes, 2016. Workshop com Celso de Oliveira, Belém do Pará, Círio de Nazaré, 2016. Residência artística com Eustáquio Neves, Diamantina, MG, 2017. Artigo “A imagem e semelhança: A fotopintura entre o chrôma e o crônus”, in Teorias da Imagem: Sobre o Fotográfico, 2020. Festival de Fotografia Verbo Ver, com o trabalho “Ensaios para o fim do mundo”, 2020.
Infamiliar

O infamiliar é um conceito freudiano que se refere a algo que apesar de ser absurdamente familiar, conhecido, costumeiro, é também inquietante, estranho e, portanto, contraditório. Utilizo esse termo como representação do presente trabalho, onde fotografei durante dias crianças de uma pequena localidade do sertão cearense. O que foi registrado é aquilo que nos é tão comum, tão familiar, crianças mal alimentadas, vivendo precariamente à beira de um trilho e à margem da sociedade. O infamiliar é o estranhamento que deveríamos ter diante dessa realidade que quase todos teimam em não enxergar. As minhas crianças sertanejas produzem rastros minúsculos que se imiscuem à poeira das pedras. Não conhecem energia elétrica, saneamento básico e nem muito menos sabem o que é comer todos os dias. O que é familiar, íntimo, é algo recalcado, secretamente posto para a seara do desconhecido, daquilo que negamos.

Os sonhos em tempo de pandemia

O presente ensaio trata de representações de sonhos ou pesadelos que venho tendo desde o início da pandemia da Covid. Em um ensaio psicológico, creio ter aproximadamente traduzido em imagens as afetações causadas em virtude da pandemia e da necropolítica brasileira. Sonos entrecortados, sonhos que remetem a mergulhos e violências. Sonhos que transmitem medo, angústia e aflição, que sufocam durante um longo mergulho noturno.