Paula Georgia Fernandes

Arquiteta e urbanista pela UFRN, fotógrafa e gestora Cultural. Especialista em Gestão, Governança e Serviço Público e em Gestão de Projetos. Atua desde 2009 entre a gestão de projetos culturais, a fotografia e o serviço público. É Secretária Executiva da Rede de Produtores Culturais da Fotografia no Brasil e já foi membro do Conselho Nacional de Políticas Culturais no segmento das Artes Visuais e da Comissão Estadual dos Pontos de Cultura do Rio Grande do Norte, ao qual foi responsável pela Gestão e Execução da Teia Nacional da Diversidade em 2014. Foi a responsável pela conceituação, implantação e gestão da Casa de Saberes Cego Aderaldo em Quixadá – Ceará, de outubro de 2016 a junho de 2019, sendo o segundo Escritório regional da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará a ser implantado na gestão Camilo Santana (2015-2018). Atualmente, está como assessora técnica de gabinete da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, ao qual é responsável pela gestão da integração de projetos prioritários, sendo a responsável pela implantação da Biblioteca Estadual do Ceará. Na fotografia, seu trabalho é na área documental, com exposições individuais e coletivas em diversos festivais brasileiros.
Sublimes Peregrinos

Sublimes Peregrinos
Por Paula Geórgia Fernandes
O Santo Sepulcro, na cidadela sagrada de Juazeiro do Norte, é a última fronteira da religiosidade popular no Brasil. Lugar de espinhos e pedras. Refúgio dos iniciados nas Utopias do Espírito Santo e na espera da Terceira Era – um tempo de justiça e igualdade, de fartura e bem-aventurança. Feito um oroboro (a cobra que morde o rabo e ainda se contorce fazendo um 8 deitado), nesse espaço multifacetado e atemporal, estão a morte e a vida, em seus segredos cósmicos, em que tudo é movimento e impermanência.
A sobreposição de camadas de imagens,revela (como em uma cebola transparente) as peles sobrepostas e manifestas dos mitos, dos arquétipos, dos fantasmas – imagens e sombras de muitos tempos, que revisitam a contemporaneidade e usam os homens e as mulheres reais (os peregrinos) como cavalos das almas antigas, dos espíritos índios encantados e dos orixás.

Nessas fotografias de janelas abertas entre mundos, mesmo a imagem congelada busca o movimento por meio da imaginação e da sua vontade de alcançar o mistério daquilo que ousa capturar. O que a razão não explica, a alma inquieta-se em traduzir, na forma de sentimentos. Aqui, a matéria existe como emanação do espírito e torna-se transparente para que sejam decifrados os enigmas perdidos dos deuses e das deusas antigas, manifestos em humanidade. Tais imagens nos convidam a ser um eremita na solidão do deserto e a buscar na alma purificada pelo silêncio, a essência das pedras.