Marília Camelo

Fotojornalista, fotógrafa e artista visual. Graduada em jornalismo pela UNIFOR (2009) com especialização em Moda e Comunicação também pela Universidade de Fortaleza (2013). Atuou por seis anos como fotojornalista no jornal Diário do Nordeste (2007 – 2013). Atualmente, colabora como freelance com veículos de comunicação locais e nacionais, tais como: El País Brasil, Portal UOL, Editora Abril, plataformas Márcia Travessoni entre outros. Em intercâmbio na University of the Arts London – Central Saint Martins (Londres, 2015 – 2016) desenvolveu o seu primeiro projeto autoral, posteriormente selecionado em mostras coletivas locais e nacionais. Atualmente, integra dois coletivos artísticos locais: o projeto “Sol Para Mulheres”, organizado pela Imagem Brasil Galeria; e também o grupo “Imagem é Pensamento”, composto por nove artistas mulheres, cujo objetivo é desenvolver uma reflexão crítica sobre imagem, fotografia e artes visuais em geral, através de atividades formativas, tais como pesquisa, leitura crítica e discussões coletivas, além da realização de práticas criativas, visando crescimento artístico e desenvolvimento de projetos autorais.
Touch

No ensaio “Touch” (2016), o ato de tocar alguém é uma representação estética da intimidade criada entre o fotógrafo e o fotografado durante a realização de um retrato. Ambos tornam-se um por alguns instantes; parceiros conectados somente pela câmera. A confiança entre os personagens é necessária, uma vez que um retrato é um acordo mútuo: é uma conexão de troca.

Assim, comecei a investigar o processo de produção do retrato. Com composições planejadas e dirigidas por mim, como aconteceria em qualquer ensaio, usei luz natural e uma câmera analógica 35mm para abordar pessoas desconhecidas, aleatoriamente na rua.

O resultado final desta experiência pode ser interpretado de acordo com as vivências e sentimentos individuais de cada um. Do meu ponto de vista, a experiência foi desafiadora e ambígua.

O vazio que fica do tempo quando pausa

Passados quatro anos da produção da obra “Touch”, em meio aos primeiros meses de uma pandemia na qual ainda havia muita desinformação e medo; onde uma das principais medidas de proteção é justamente o não-tocar, rememoro e ressignifico o ensaio-performance que consistia em retratar pessoas desconhecidas enquanto eu as tocava em seus rostos. Aqui, não há mais o outro para concretizar a conexão de um retrato , apenas o vazio e a solidão do isolamento. Assim, são apresentadas apenas as minhas próprias mãos, num misto de desejo e medo ao imaginar tocar o outro.