Marcella Elias
A maior fronteira humana é a entre a vida e a morte. Dessa passagem, Dona Elisa já perdeu todos os seus: pais, sete irmãos homens, marido, filha e sua grande amiga de décadas. No auge dos seus 96 anos ela reina com sua fortaleza mental, espiritual e física. Olhar adiante é caminhar seus 38 quarteirões diariamente, preparar seu próprio alimento, cuidar de sua casa, ir à missa todos os domingos, conversar com os vizinhos, morar sozinha, ser independente. Com um autorrespeito impressionante vive, experimenta, adora coca-cola e rocambole de goiaba, mas tudo com moderação. Suas memórias e histórias, que conta com tanto fervor, a tornam um ser querido e interessante. Ser único dentre todos os seus que partiram. Este trabalho nasceu de um ensaio fotográfico e foi exposto em formatos e expografias diferentes. A instalação traz os dois quadros que Elisa pintou na década de 80, de duas bailarinas, resultado de um curso de pintura que fez por correspondência.
Este trabalho é basicamente sobre o amor. Sobre autocuidado e cura. Sobre perceber-me diante dos passos dados e estar atenta aos caminhos a seguir. Sobre ruir e renascer. É preciso ruir pra renascer. Gerar raízes fortes, que se sustentem. O texto foi inspirado nestas negociações com meu inconsciente, que não cansa de me sabotar. Um recorte de sentimentos e acontecimentos a partir do momento que soube que estava grávida e seria mãe solo.
Eu terra
Transmuto e liberto
Consciente do meu movimento
Afluente
Sigo
O que era ar
Transforma-se
Cada vez mais terra
Germinei semente
Chamada Benjamin
Sigo
Entre imagens
Fertilidades
Pilares
Frenesis
Cultivando frutos
Encontro
Um amor
Aceito, enfim
Decido
Não sabotar-me