Marcella Elias

Artista visual multimídia, atua na fotografia, no audiovisual e no cinema. Formada em Comunicação Social e cursando especialização em Cinema. Foi artista-pesquisadora do Laboratório de Artes Visuais do Porto Iracema das Artes, em 2019. Seu ensaio fotográfico “Elisa”, realizado em 2016, marca em 2021 cinco anos de sua carreira como artista. “Elisa” foi publicado na revista Carcará Photo Art e participou de exposições coletivas, entre elas no Museu da Cultura Cearense. Em 2019, “Elisa” virou uma instalação, composta de um vídeoarte e as pinturas de “Elisa”, que esteve em cartaz na Feira do Oriente de Artes Visuais. Em 2020, começou o trabalho autobiográfico chamado “Eu terra”, a partir de suas análises, autorretratos e do hábito de fotografar as performances de seu filho. Fez a direção de fotografia dos curtas-metragens Grilhões (2018) e Nice (2021). Sua pesquisa atual – Mulheres Invisíveis – inclui uma instalação que gira em torno do feminino e de dar visibilidade a histórias de mulheres.
Elisa

A maior fronteira humana é a entre a vida e a morte. Dessa passagem, Dona Elisa já perdeu todos os seus: pais, sete irmãos homens, marido, filha e sua grande amiga de décadas. No auge dos seus 96 anos ela reina com sua fortaleza mental, espiritual e física. Olhar adiante é caminhar seus 38 quarteirões diariamente, preparar seu próprio alimento, cuidar de sua casa, ir à missa todos os domingos, conversar com os vizinhos, morar sozinha, ser independente. Com um autorrespeito impressionante vive, experimenta, adora coca-cola e rocambole de goiaba, mas tudo com moderação. Suas memórias e histórias, que conta com tanto fervor, a tornam um ser querido e interessante. Ser único dentre todos os seus que partiram. Este trabalho nasceu de um ensaio fotográfico e foi exposto em formatos e expografias diferentes. A instalação traz os dois quadros que Elisa pintou na década de 80, de duas bailarinas, resultado de um curso de pintura que fez por correspondência.

EU TERRA

Este trabalho é basicamente sobre o amor. Sobre autocuidado e cura. Sobre perceber-me diante dos passos dados e estar atenta aos caminhos a seguir. Sobre ruir e renascer. É preciso ruir pra renascer. Gerar raízes fortes, que se sustentem. O texto foi inspirado nestas negociações com meu inconsciente, que não cansa de me sabotar. Um recorte de sentimentos e acontecimentos a partir do momento que soube que estava grávida e seria mãe solo.
Eu terra
Transmuto e liberto
Consciente do meu movimento
Afluente
Sigo
O que era ar
Transforma-se
Cada vez mais terra
Germinei semente
Chamada Benjamin
Sigo
Entre imagens
Fertilidades
Pilares
Frenesis
Cultivando frutos
Encontro
Um amor
Aceito, enfim
Decido
Não sabotar-me