Luana Diogo

Atualmente curso o doutorado em Filosofia da UFRN, mas em meus anos de graduação estagiei no MAC (Museu de Arte Contemporânea) e desenvolvi inúmeras pesquisas relacionadas à arte contemporânea. As linguagens visuais sempre fizeram parte de meu trajeto, sendo a fotografia o suporte de maior interesse. Há pelo menos dois anos experimento a fotografia analógica e ao dominar os processos de captura de imagem, revelação e digitalização, iniciei um projeto autoral, sendo a série EXISTO o primeiro trabalho que entrego para que outras pessoas vejam.
Existo

Ao concebermos a existência como um universo de interpretações, a máscara torna-se uma entre muitas perspectivas possíveis. Não se trata de uma mentira, mas de uma possibilidade disruptiva diante das supostas necessidades identitárias. A sociedade patriarcal nos alimenta com a ideia de que a mulher dissimula. Capitu e Emma Bovary que o digam. Dissimula o gozo, o prazer, a paixão, o nojo. Nessa série de autorretratos, me apropriei do processo analógico para que sozinha pudesse conceber o trabalho. Sem pudor, sem ressalva, sem encenar para além do necessário.
Enquanto lia a “Teoria King Kong” de Virginie Despentes, uma enxurrada de imagens tomava conta de meus pensamentos. Medusa e suas serpentes era uma das imagens mais recorrentes. Assim, decidi pensar por imagens. Eis que das 36 poses de um filme fotográfico de 35mm, nasceu a série “EXISTO”. Uma existência em caixa alta, mascarada, dissimulada, exposta, real… Nunca verdadeira. A Verdade morreu quando Deus morreu. Existo lado a lado das milhares de King Kong que assim como eu “sou mais King Kong que Kate Moss” . Mas existo também com aquelas que existem como Kate Moss.

FICHA-TÉCNICA
Arquivos digitalizados a partir de filme fotográfico preto e branco.