Iana Soares

Iana Soares é jornalista, fotógrafa e professora. Gosta de mar, sertão, sal e gente. Começou a fotografar quando pesquisava o processo de afirmação étnica dos índios Tremembé. Depois de graduar-se em Ciências Sociais (UECE), voltou para o Jornalismo (UFC) e reencontrou a imagem, além da palavra. Fez mestrado em “Criação Artística Contemporânea” na Faculdade de Belas Artes, na Universidade de Barcelona, na Espanha (2015). Concluiu a Especialização em Escrita Literária, no Centro Universitário Farias Brito (2019). Se interessa pelos processos de ficcionalização do cotidiano. O real imaginado, o documentário imaginário, a fotografia como possibilidade de inventar o real, as crônicas em imagem e texto. Participou de diversas exposições e mostras como os Encontros de Agosto, o Festival de Fotografia de Tiradentes, a exposição Mapes desorientats, em Barcelona, e Derivas, em Valência, entre outros. Em 2015 foi ganhadora do Prêmio BNB de Jornalismo, na categoria fotografia nacional, com o trabalho “Sertão a Ferro e Fogo – Marcas de gado e gente”. Foi editora do Núcleo de Imagem do Grupo de Comunicação O POVO, onde trabalhou entre 2009 e 2018. Fez parte da equipe de criação e coordenação geral do Fotofestival SOLAR, que teve sua primeira edição em dezembro de 2018. Atualmente é coordenadora do Programa de Fotopoéticas, na Escola de Criação e Formação Porto Iracema das Artes.
A foto que falta (2015, em andamento)

O ensaio “A foto que falta” é um caminho para iluminar a esperança em meio a tragédias, medos e solidão. Não se trata de eliminar dimensões fundamentais da existência, e sim de fazer ver territórios de conflito e jogo. São criadas estratégias para perceber as vidas dentro de uma mesma vida, um mundo dentro deste mundo, por meio de um olhar subjetivo e carinhoso. Investigo uma poética pessoal que vá além da informação e da documentação tradicional. Busco a magia do cotidiano, o assombro e a surpresa frente ao banal e à possibilidade do extraordinário. Nessa investigação, é possível arriscar sentidos e mergulhar entre memórias e imaginações. A deriva é parte fundamental do processo. Estar em movimento. É na caminhada que se encontram paisagens íntimas, como sugere Ítalo Calvino, em As Cidades Invisíveis: “de uma cidade, não aproveitamos as suas sete ou setenta e sete maravilhas, mas a resposta que dá às nossas perguntas. Ou as perguntas que nos colocamos para nos obrigar a responder, como Tebas na boca da Esfinge”.

O Himalaia cresce a cada ano (2017, em andamento)

A partir de uma crônica homônima que escrevi, imagino paisagens que possam transmutar experiências, criando aproximações entre a fotografia e a literatura. Há 70 milhões de anos, duas placas tectônicas se chocaram e formaram a cordilheira do Himalaia. De acordo com um provérbio hindu, assim como o orvalho seca com a luz da manhã, também somem as preocupações do homem ao ver o Himalaia. Eu nunca vi, mas a informação de que o relevo continua crescendo um centímetro a cada ano, em média, foi a poesia que quase salvou meus dias. Se por um lado há um processo constante de erosão que busca apequenar as montanhas, por outro um movimento segue tensionando as duas placas (podemos entender como corpos, ideias, vidas). O choque inicial começou quando não havia um ser humano sobre a Terra e ainda gera uma força incrível. A matemática final implica sempre em crescimento, apesar da gravidade, dos ventos, do tempo, de tudo.