Fernando Maia da Cunha
Estar diante do tempo, aliás atravessá-lo, se tornou a base do processo de construção destes autorretratos, que entrelaçam as imagens mentais e as memórias através da temporalidade. Como um viajante do tempo que usa a fotografia como portal temporal, retorna para aquele tempo e lugar, conseguindo assim ver, sentir, lembrar e ressignificar a memória. E como nas ficções, acaba sendo registrado na imagem.
Na comunidade Trilha do Senhor, em Fortaleza, no Brasil, pessoas foram removidas de suas casas para a construção de um metrô de superfície. As residências foram demolidas, mas junto com elas suas memórias e afetos ficaram no limbo em nome do “desenvolvimento”. Esse grito me tocou e, quando entrei naquela comunidade pela imagem, percebi união, identidade e resistência, palavras que definem a base deste ensaio fotográfico.