Fernando Jorge
No início do século, a cidade de Jaguaribara (CE) foi inundada para a construção de um açude – o chamado Castanhão.
Nos últimos anos, por conta da maior seca que atingiu o Ceará em mais de noventa anos, o nível da água baixou consideravelmente, fazendo ressurgirem as ruínas da cidade antiga. Com elas, questões sobre memória, espaço, e as intempéries climáticas.
Neste respiro de um espaço topográfico que não mais deveria,
o presente ensaio trata de rastros de presença e memória, incongruências da lembrança que teima.
O presente trabalho trata sobre os espaços em que existiram campos de concentração no estado do Ceará. Com fotografias destes locais que evocam o período em questão, feitas recentemente, pretende-se suscitar perguntas acerca da liberdade e do poder de controle do Estado.
De acordo com a pesquisa de Kênia Souza Rios, durante a seca de 1932 e por conta do êxodo no sentido área rural-Fortaleza, o governo do estado estabeleceu os chamados currais – espaços de contenção e controle para, sobretudo, tentar evitar uma explosão demográfica na capital cearense. De acordo com a pesquisa acima mencionada, houve campos de concentração nas cidades de Quixeramobim, Senador Pompeu, Ipu, Crato, Cariús e na periferia de Fortaleza.
As fotografias aqui apresentadas buscam rastros e pistas de tais espaços. Em alguns destes campos, as estruturas mais resistentes permanecem. Na maioria, já não há vestígios; os currais de outrora dão lugar a campos de futebol, fábricas, casas, igrejas, cercas.