Fernanda Oliveira
Em meio aos diálogos contemporâneos sobre as questões raciais e de gênero torna-se emergencial a representação identitária da nossa sociedade. Com conflitos tão antigos enraizados em nossas comunidades. Um olhar empático sobre o outro, sobre as lutas de classes. A fotografia pretende dar voz e referência às nossas raízes culturais intrínsecas. O ensaio é produzido com o intuito de transpor através de um gesto simples a delicadeza da identidade negra. Como cita Mbembe (2014) “[…] o pensamento europeu sempre teve tendência para abordar a identidade não em termos de pertença mútua (co-pertença) a um mesmo mundo, mas antes na relação do mesmo ao mesmo, de surgimento do ser e da sua manifestação no seu ser primeiro ou, ainda, no seu próprio espelho.”
Este ensaio tem como objetivo nos levar por caminhos que ora foram pensados por filósofos da imagem. Um reflexo sobre como a imagem e a imaginação podem ao mesmo tempo construir e desconstruir. Trazendo um pouco à superfície as memórias de Muybridge com a importância dos estudos sobre o movimento e descoberta do olhar por meio das imagens dos corpos. Nessas fotografias um bailarino profissional busca um processo de harmonia com um cavalo. Ressuscita suas memórias e a relação forte que tinha com cavalos. Neste momento exato do clique desperta em si os movimentos e posturas do equino em seu próprio corpo bailarino, humano. Descobre-se homem-cavalo. Como se estivessem nus, um diante do outro. Compreender como a imagem através do real desperta em nós um manancial de questões – a importância da imaginação como ciência e conhecimento.